LUTO

O Renan fez parte da minha pré-adolescência. Eramos a turma do barulho, literalmente. Eu, meu irmão, o Renatinho e o Renan. A gente se reunia na chácara do Renatinho pra tocar umas músicas em todos os churrascos lá, quase todo final de semana. Meu irmão era o baixista, eu cantava, o Renatinho era o batera o o Renan tocava violão.

Eu tinha meus 12, 13 anos e gostava do Renan. Loiro, bonitão e falador. Ele devia ter uns 16 naquela época.

O tempo passou e ele se interessou por mim também. A gente se beijou.

O Renan era realmente gente fina, e nossa amizade era muito legal.

Foi assim até meus 15 anos porque depois que comecei a namorar me distanciei da galera um pouco (sempre é assim, rs), mas eu nao esqueci as velhas e boas amizades nem os momentos de risada que marcaram minha adolescência toda. Depois disso vi o Renan algumas vezes, e ele sempre brincalhão vinha me lembrar da época em que eu fazia ginástica olímpica e ele conseguia mesmo assim abrir um espacate melhor que o meu. Lembro também dos pentinhos que o Renan sempre carregava no bolso, desses pequenininhos para sempre arrumar o topete, impecável e loiro. O Renato é primo do Renan e esses dias eu estava falando com o Renato de como era legal nossa turminha. De repente eu recebo uma ligação, imaginem a dor da perda, o Renan morreu. Meu Deus, eu emudeci, gelei, a cabeça formigou, meus alunos me olharam espantados e eu comecei a chorar. Meu pai me ligou pra avisar. Decidi que não vou no enterro... O acidente foi feio, eu sei, a imprudência de outra pessoa tirou a vida do meu amigo. Foi no trânsito. Eu vi a poça de sangue no chão ontem, mas eu não sabia que era o Renan, porque o Renan???

Prefiro lembrar das cantadas galanteadoras dele, das risadas, das musicas toscas no violão de náilon...

Fique em paz amigo. Jamais esquecerei de tudo.